Por que devo acreditar na inerrância Bíblica?
Uma mesa precisa de pelo menos três pernas para ficar estável. Se tirarmos qualquer uma das três pernas ela certamente cairá. Da mesma forma, é a fé cristã, ela está firmada sobre 3 pilares, são eles: a inspiração, a infalibilidade e a inerrância Bíblica. Se tirarmos qualquer um deles, assim como a mesa, a autoridade divina da fé cristã certamente será derrubada. Estes três “in” se complementam, mas cada um expressa uma distinção ligeiramente diferente em nossa compreensão da Escritura.
• Inspiração. O primeiro “in” é a inspiração e isso trata da origem da Bíblia. Evangélicos acreditam que “Deus exalou” as palavras da Bíblia usando os escritores humanos como veículo. Paulo escreve:
“Toda a Escritura é dada por inspiração de Deus (literalmente” é inspirada por Deus “),e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”(2 Tim. 3: 16-17)
• Infalibilidade. O próximo “in”, infalibilidade, fala à autoridade e à natureza duradoura da Bíblia. Ser infalível significa que algo é incapaz de falhar e, portanto, é permanentemente vinculativo e não pode ser anulada. Pedro disse que “a palavra do Senhor permanece para sempre” (1 Pe. 1: 23-25) e, portanto, sua autoridade não pode ser anulada. Ao dirigir-se a uma passagem difícil, Jesus disse: “A Escritura não pode ser anulada” (João 10: 34-35). Na verdade, ele disse: “Um único til ou um título nunca passará da lei até que tudo seja cumprido” (Mateus 5:18). Estes versículos falam sobre a infalibilidade da Bíblia.
• Inerrância. O último “in”, inerrância, significa simplesmente que a Bíblia não tem erro . É uma crença na “total veracidade e confiabilidade das palavras de Deus” (Grudem, Systematic Theology , Inter-Varsity, 2004, 90). Jesus disse: “a tua palavra é a verdade” (João 17:17). Essa inerrância não é apenas em passagens que falam sobre salvação, mas também se aplicam a todas as declarações históricas e científicas. Não é apenas precisa em assuntos relacionados à fé e à prática, mas é precisa e sem erro em relação a qualquer declaração, período (João 3:12).
O que entendemos por inerrância?
É necessário que se diga que a inerrância não é uma teoria a respeito da Bíblia ou uma filosofia moderna inventada pelos fundamentalistas ou conservadores. Conforme declaramos na introdução deste artigo, cremos que quando asseveramos com vigor a inerrância total das Escrituras estamos apenas dizendo o que a Escritura reivindica para si mesma; desse modo, não estamos defendendo a inerrância, mas afirmando a inerrância da Bíblia como uma doutrina que faz parte da essência do evangelho, o qual deve ser propagado em toda a sua extensão “Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus.” (At. 20.27; 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.20,21). Além do mais, o fundamento dessa doutrina repousa no Senhorio de Cristo, o Autor e preservador de sua Palavra.
O porquê dessa doutrina.
Ensinamos a inerrância bíblica porque ela é uma doutrina bíblica “Pois, se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida, e a Escritura não pode ser anulada” (Jo 10.35; 17.17; 2 Co 6.7; Cl 1.5; 2 Tm 2.15; Tg 1.18) e, também, porque é uma decorrência lógica do fato de que o Deus que “expirou” as Escrituras (2 Tm 3.16) não mente, não muda e não falha (Tt 1.2; Tg 1.17)
Definição de inerrância:
Tomemos aqui a definição apresentada por Paul Feinberg:
“A inerrância é o ponto de vista de que, quando todos os fatos forem conhecidos, demonstrarão que a Bíblia, nos seus autógrafos originais, e corretamente interpretada, é inteiramente verdadeira, e nunca falsa, em tudo quanto afirma, que no tocante à doutrina e à ética, quer no tocante às ciências sociais, físicas ou biológicas”.
A Bíblia dá testemunho da sua inspiração.
Conforme já indicamos, de maneira bastante resumida, a Bíblia autentica-se a si mesma como o registro inspirado e inerrante da revelação de Deus. Deus ordenou que a sua palavra fosse escrita (Ex 17.14), sendo esse registro chamado de “Livro do Senhor” (Is 34.16). Analisemos este ponto com mais vagar, substanciando-o com alguns dos muitos textos bíblicos que fundamentam a nossa assertiva.
“A Escritura é a escola do Espírito Santo, na qual nem se deixou de colocar coisa alguma necessária e útil de se conhecer, tampouco se ensina mais do que é preciso saber”.
J. Calvino, As Institutas, III. 21.3
Os profetas.
• Os profetas são descritos como aqueles que por meio dos quais Deus fala (Ex 7.1; Dt 18.15; Jr 1.9; 7.1).
O profeta não criava nem adaptava a mensagem; e ele competia transmiti-la como a havia recebido (Ex 4.30; Dt 4.2,5). O que se exige do profeta é fidelidade.
R. Martin-Achard resume bem isso, dizendo:
“Na realidade, o profeta não tem por missão pregar uma ideologia nova, qualquer que seja ela. Ele coloca novamente os seus contemporâneos diante da pessoa de Deus, ele situa Israel diante de alguém e não diante de um ensinamento ou um ideal, ele deixa Javé e o seu povo face a face”.
• Os profetas tinham consciência de que foram chamados por Deus (1 Sm 3; Is 6; Jr 1; Ez 1-3) e de que receberam a mensagem da parte de Deus (Nm 23.5; Dt 18.18; Jr 1.9; 5.14), que era distinta dos seus próprios pensamentos (Nm 16.28; 24.13/1 Rs 12.33; Ne 6.8). Os falsos profetas eram acusados justamente de proferirem as suas próprias palavras e não as de Deus (Jr 14.14; 23.16; 29.9; Ez 13.2,3,6).
• Quando os profetas se dirigiam ao povo, diziam: “Assim diz o Senhor…”, “Ouvi a Palavra do Senhor…”, “Veio a Palavra do Senhor” (cf. Ez 31.1; Os 1.1; Jl 1.1; Am 1.3; 2.1; Ob 1.1; Mq 1.1; Jr 27.1; 30.1,4, etc.); isso indicava a certeza que tinham de que Deus lhes dera a mensagem e os enviara (cf. Jr 20.7-9; Ez 3.4ss; 17.22; 37.1; Am 3.8; Jn 1.2).
• Um fato importante a favor da sinceridade dos profetas de Deus é que nem sempre eles entendiam a mensagem transmitida (cf. Dn12.8,9; Zc 1.9; 4.4,5; 1 Pe 1.10,11).
Os Apóstolos.
• Os escritores do Novo Testamento reconheciam ser o Antigo Testamento a Palavra de Deus (Hb 1.1; 3,7), sendo a “Escritura” um registro fiel da História e da vontade de Deus (Rm 4.3; 9.17; Gl 3.8; 4.30).
• Os apóstolos falavam com a convicção de que estavam pregando e ensinando a Palavra inspirada de Deus, dirigidos pelo Espírito Santo (ver 1 Co 2.4-13; 7.10; 14.37; 2 Co 13.2,3; Gl 1.6-9; Cl 4.16; 1 Ts 2.13; 2 Ts 3.14).
• Paulo e Pedro colocavam os escritos do Novo Testamento no mesmo nível do Antigo Testamento (cf. 1 Tm 5.18/ Dt 25.4; Lc 10.7; 2 Pe 3.16).
• Paulo reconheceu os apóstolos e os profetas, no mesmo nível, como os fundamentos da Igreja, edificados sobre Jesus Cristo, a pedra angular (Ef 2.20).
O papel dos escritores sagrados nos seus respectivos registros.
Eles foram inteiramente passivos no sentido de que não interferiram na ação de Deus em se revelar e, também, no fato de que não expressaram a sua natureza pecaminosa. Os escritores foram apenas instrumentos humanos por meio dos quais Deus decretou registra sua mensagem (2 Pe 1.21; 2 Tm 3.16). Eles falaram, todavia, somente à medida que foram conduzidos pelo Espírito Santo. A Escritura não é maniqueísta: tendo de um lado a Palavra de Deus e, de outro, a palavra dos homens; mas foi “exalada por Deus” em toda a sua extensão.
Conforme já afirmamos, Deus não anulou a personalidade dos escritores; caso contrário, na Bíblia haveria apenas um único e inconfundível estilo, o estilo do Espírito Santo.
No entanto, quer pelos originais, quer pelas traduções, é facilmente percebida a diferença entre os escritos de Moisés, Isaías, Amós, etc. Da mesma maneira, são perceptíveis as características próprias dos escritos de Paulo e de João, bem como as de Mateus, Marcos e Lucas. Portanto, podemos afirmar que, de certo modo, cada livro da Bíblia é fruto do estilo literário do seu autor humano (autor secundário).
Por isso, dentro da inspiração, há um lugar para assuntos pessoais, como por exemplo, a Epístola de Paulo a Filemon; e também há espaço para recomendações e preocupações específicas (cf. 1 Tm 5.23; 2 Tm 4.13).
Edwin Palmer, comentando esse assunto, escreve:
“Deus permitiu que o amor de Davi pela natureza brilhasse com seus Salmos, que o conhecimento que Paulo tinha de literatura pagã se manifestasse em suas cartas, que os conhecimentos médicos de Lucas caracterizassem seus escritos, que a brusquidão de Marcos aparecesse em seu livro. Tanto é que Paulo escreveu em uma forma lógica, João o fez numa forma mais mística”.
Essa compreensão se harmoniza perfeitamente com a soberania de Deus. Deus decretou e controlou os eventos, proporcionando as condições para que os seus servos se tornassem “naturalmente” aptos para a tarefa que ele mesmo lhe confiaria. Na doutrina da inspiração vemos de maneira nítida a providência de Deus, que revela o seu governo sobre todas as coisas.
Os escritores sagrados não foram obrigados a escrever algo que fosse contrário à sua vontade; nem Deus fez com que quem só soubesse o hebraico tivesse de escrever em grego. Deus usou as suas aptidões “naturais” de maneira misteriosa, de modo que o produto final fosse o registro inerrante da Palavra de Deus e, ao mesmo tempo, houvesse a expressão da individualidade de cada escritor.
Jesus Cristo.
Jesus apelava para o Antigo Testamento, considerando-o como a expressão fiel do Conselho de Deus, sendo a verdade final e decisória. Deus é o Autor das Escrituras! (Mt 4.4,7,10; 11.10; 15.4; 19.4; 21.16,42; 22.29; Mc 10.5-9; 12.10; 12.24; Lc 19.46; 24.25-27,44-47; Jo 10.34).
Afirmações diretas das Escrituras.
O Novo Testamento declara enfaticamente que toda a Escritura, como Palavra de Deus, é inspirada, inerrante e infalível (ver Mt 5.18; Lc 16.17,29,31; Jo 10.35; At 1.16; 4.24-26; 28.25; Rm 15.4; 2 Tm 3.16; Hb 1.1,2; 3.7-11; 10.15-17; 2 Pe 1.20).
A Bíblia fornece argumentos racionais que demonstram a sua inspiração e inerrância; todavia, os homens só poderão ter essa convicção mediante o testemunho interno do Espírito Santo (Sl 119.18). Os discípulos de Cristo só entenderam as Escrituras quando o próprio Jesus lhes abriu o entendimento (Lc 24.45). A Escritura autentica-se a si mesma e nós a recebemos pelo Espírito.
A posição que sustentamos não é “bibliolátra”, como, por certo, acusariam K. Barth (1886-1968), E. Brunner (1889-1966) e R. Niebuhr (1892-1971), entre outros. Ela é apenas uma rendição incondicional às reivindicações proféticas, apostólicas e do próprio Cristo. Diante de um testemunho tão evidente, como eu poderia descarta-lo e seguir as opiniões fantasiosas de homens? O cristão sincero deve aprender, pelo Espírito de Deus, a subordinar a sua inteligência à sabedoria de Deus revelada nas Escrituras e a guardar no coração a Palavra de Deus (Sl 119.11).
Mas é realmente importante?
Sim, a inerrância é extremamente importante porque: (1) está unida ao caráter de Deus; (2) é ensinado nas Escrituras; (3) é a posição histórica da Igreja cristã, e (4) é fundamental para outras doutrinas essenciais.
1. Baseia-se no caráter de Deus
Inerrância é baseada no caráter de Deus que não pode mentir (Hb 6:18; Tito 1: 2). Deus não pode mentir intencionalmente porque Ele é a verdade absoluta “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!” (Jo 8,32) Ele não pode errar sem querer porque Ele é onisciente. E se a Bíblia é a Palavra de Deus escrita (e é), então é sem erro.
2. Foi ensinado por Cristo e os apóstolos
Inerrância foi ensinada por Cristo e os apóstolos no Novo Testamento. Esta deve ser nossa base principal para acreditar. BB Warfield disse:
“Nós acreditamos nesta doutrina da inspiração plenária das Escrituras principalmente porque é a doutrina que Cristo e seus apóstolos acreditavam, e que eles nos ensinaram” ( Limited Inspiration , 1962, citada por Mohler, 42)Para citar o próprio Jesus, “a Escritura não pode ser anulada” (João 10:35) e ” até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido.” (Mateus 5:18 ).
3. É a Posição Histórica da Igreja
Inerrância é a posição histórica da Igreja Cristã. ICBI produziu um livro inteiro demonstrando esse ponto (veja John Hannah, Inerrancy e a Igreja , Moody). Como Al Mohler apontou (Mohler, 48-49), mesmo alguns errantistas concordaram que a inerrância tem sido a visão padrão da Igreja Cristã ao longo dos séculos. Ele cita os irmãos Hanson, Anthony e Richard, estudiosos anglicanos, que disseram:
“Os pais cristãos e a tradição medieval continuaram com esta crença [na inerrância], e a Reforma não fez nada para enfraquecê-la. Pelo contrário, uma vez que, para muitos teólogos reformados, a autoridade da Bíblia tomou o lugar que o Papa manteve no esquema medieval das coisas, a inerrância da Bíblia tornou-se mais firmemente mantida e explicitamente definida entre alguns teólogos reformados do que até mesmo antes.”
Eles acrescentaram: “As crenças aqui negadas [a saber, inerrância] foram realizadas por todos os cristãos desde o início até cerca de cento e cinquenta anos atrás” (citado por Mohler, 41).
4. É fundamental para todas as outras doutrinas
Inerrância é fundamental para todas as outras doutrinas cristãs essenciais. É concedido que algumas outras doutrinas (como a morte expiatória e a ressurreição corporal de Cristo) sejam mais essenciais para a salvação. No entanto, todas as doutrinas soteriológicas (relacionadas à salvação) derivam sua autoridade divina da Palavra de Deus divinamente autorizada. Assim, epistemologicamente (no sentido do conhecimento), a doutrina da autoridade divina e a inerrância das Escrituras são fundamentais para todos os fundamentos.
É essencial.
A inerrância merece uma grande consideração entre os evangélicos e, com razão, ganhou o status de ser essencial (no sentido epistemológico) da fé cristã. Ela não pode ser rejeitada sem graves consequências, tanto para o indivíduo como para a Igreja.
Em Ap 22, 18-19:
“ Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e se alguém tirar qualquer cousa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa das cousas que se acham escritas neste livro”.
Estudantes evangélicos contestam a inerrância da Bíblia.
Apesar desta proteção moderna, em 2010, o Dr. Mike Licona, um professor evangélico, escreveu um livro intitulado A ressurreição de Jesus: uma nova abordagem historiográfica . Neste livro, ele sugeriu que o relato dos santos ressuscitados que atravessavam a cidade poderia ser “imagens apocalípticas” (Mateus 27: 51-53). Em outras palavras, ele sugeriu que os eventos realmente não acontecessem, mas que era fábula ou lenda. Posteriormente, Licona renunciou a sua posição com os Batistas do Sul e no Southern Evangelical Seminary. O que se segue é bastante alarmante. Incrívelmente, alguns eruditos evangélicos notáveis começaram a expressar seu apoio à visão de Licona, considerando-o consistente com a crença na inerrância.
Desde 2011, emergiram mais declarações alarmantes de Licona, incluindo: (1) Uma negação da historicidade da multidão que caia para trás na afirmação de Jesus “Eu sou ele” em João 18: 4-6 (RJ, 306, nota 114) ; (2) Uma negação da historicidade dos anjos no túmulo gravado nos quatro Evangelhos (Mateus 28: 2-7; Marcos 16: 5-7; Lucas 24: 4-7; João 20: 11-14) ( RJ, 185-186); (3) Uma negação da precisão do Evangelho de João, alegando que ele diz que Jesus foi crucificado no dia errado (debate com Bart Ehrman no Southern Evangelical Seminary, Spring, 2009); (4) Uma afirmação de que o gênero evangélico é a biografia greco-romana, que ele diz é um “gênero flexível” no qual “muitas vezes é difícil determinar onde a história acaba e a lenda começa” (RJ, 34). Surpreendentemente, esses pontos de vista continuam a ganhar apoio entre a comunidade evangélica.
Estes são os professores de algumas das melhores escolas evangélicas da nação, que são responsáveis pela formação dos pastores de hoje e das gerações futuras, e eles estão dizendo que estão confortáveis com esses versículos que não são factuais. Esta é uma saída absoluta da definição histórica de inerrancy .
É por isso que cabe a nós cristãos verdadeiros, crentes em Jesus Cristo, nos firmar na palavra de Deus, pois como dito antes, ela é a verdade absoluta.
“Tenham cuidado com a maneira como vocês vivem; que não seja como insensatos, mas como sábios,aproveitando ao máximo cada oportunidade, porque os dias são maus.”
Efésios 5:15,16
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